Líbano escolhe novo primeiro-ministro sob pressão da França
Mustapha Adib, ex-embaixador na Alemanha, foi escolhido depois que cúpula do governo renunciou após explosão no porto de Beirute
Líderes libaneses indicaram o diplomata Mustapha Adib como primeiro-ministro nesta segunda-feira (31) sob pressão do presidente da França, Emmanuel Macron, que visitará Beirute para apelar pela adoção de reformas com a meta de afastar a nação do Oriente Médio de um abismo financeiro.
Adib, ex-embaixador na Alemanha, foi escolhido horas antes da chegada prevista de Macron à capital, sua segunda visita em menos de um mês. O presidente francês pressionará os políticos a sancionarem reformas que doadores exigem para combater a corrupção e o desperdício antes de liberarem auxílio financeiro.
Autoridades libanesas de alto escalão disseram que a mediação de Macron foi essencial para se chegar a um acordo a respeito de um novo premiê nas 48 horas que transcorreram até surgir um consenso a respeito de Adib – na semana passada, políticos estavam em um impasse quanto ao nome a escolher.
Ele pediu a formação de um governo em tempo recorde, o início imediato de reformas e um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). As conversas do Líbano com o FMI a respeito de um apoio vital estão travadas desde o começo de julho.
No passado, a formação de governos chegou a demorar meses.
Mais tarde, Adib, que tem doutorado em Direito e Ciências Políticas, visitou as áreas mais atingidas pela explosão portuária, que matou cerca de 190 pessoas e feriu seis mil.
“Nossas crianças morreram. Não o reconhecemos”, gritou-lhe um transeunte quando ele inspecionava as áreas devastadas de Gemmayze e Mar Mikhael. Outro quis trocar um aperto de mãos com Adib, que usava máscara devido à luta do país com um aumento de casos de coronavírus.
Crise no Líbano
A explosão, causada pelo que autoridades dizem ter sido 2.750 toneladas de nitrato de amônio armazenadas no porto, levou à renúncia do governo anterior liderado por Hassan Diab, hoje atuando como interino.
De outubro para cá, a crise derrubou a moeda libanesa, congelou depósitos mantidos por um sistema bancário paralisado e aumentou a pobreza e o desemprego. Décadas de corrupção e desperdício da elite sectária são a causa central.
Fonte: R7