Conhecido como “playboy dos bitcoins“, o suspeito Marlon Gonzalez Motta foi denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pelos crimes de estelionato majorado, denunciação caluniosa e falsa comunicação de crime. Agora, cabe ao Tribunal de Justiça do DF (TJDFT) aceitar a denúncia.
No pedido, o MPDFT listou os três crimes dos quais Marlon Gonzalez é suspeito. No caso da denunciação caluniosa e da falsa comunicação de crime, por exemplo, o Ministério aponta que, em abril de 2019, o “playboy dos bitcoins” procurou uma delegacia para dizer que foi sequestrado, roubado e agredido por três homens. Os possíveis autores, no entanto, haviam sido enganados por Marlon em uma transação envolvendo moedas virtuais.
Os supostos sequestradores, na verdade, eram clientes de Marlon, e o autor havia prometido a transferência de bens como um carro Audi A3 e um jet-ski como pagamento pela compra das moedas virtuais.
Mesmo sabendo da inocência do trio, Marlon tentou denunciá-los junto à Polícia Civil do DF (PCDF).
No mesmo mês, Marlon tentou obter vantagem sobre uma seguradora de veículos afirmando que havia tido seu carro Mercedes Benz roubado pelos falsos sequestradores. Segundo o MPDFT, o indivíduo teve “manifesta intenção de obter vantagem ilícita consistente na indenização do seguro”.
Com os fatos listados, o MP pede condenação de Marlon Gonzalez e intimação de testemunhas envolvidas nos crimes.
Ameaçou a ex e virou réu
Marlon Gonzalez Motta já havia se tornado réu em outro processo que tramita no TJDFT. Também em 2019, ele teria mantido a ex-namorada em cárcere privado e colocado uma arma na cabeça da mulher.
De acordo com o processo, durante o relacionamento, Marlon teria se mostrado “ciumento, possessivo, agressivo e violento quando não atendido nas solicitações”. As fraudes cometidas por Marlon foram reveladas em duas reportagens publicadas pelo Metrópoles, em 25 e 26 de agosto de 2019.
Falso investidor
Fingindo ser megainvestidor, o falsário usava a lábia para convencer operadores financeiros a pagarem fortunas em transações envolvendo moedas virtuais, como bitcoins. As vítimas que Marlon fez no DF sofreram desfalques entre R$ 50 mil e R$ 100 mil.
Após a revelação do caso por parte do Metrópoles, os brasilienses que caíram na armadilha do rapaz passaram a monitorá-lo e descobriram que, em agosto do ano passado, investidores paulistas também foram enganados pelo estelionatário. Eles esperavam comprar grandes quantidades de bitcoins, mas amargaram prejuízos que chegariam a R$ 880 mil.
Marlon teria adotado o mesmo modus operandi utilizado para lesar investidores chineses e brasileiros, que perderam R$ 600 mil em uma transação feita em Hong Kong. O fraudador simulava a transferência das moedas digitais após a fortuna entrar em contas de laranjas.
A reportagem tenta contato com a defesa de Marlon. O espaço segue aberto para manifestações.