A empresária Cristiane Tinoco Valente, 56 anos, convive há três dias com uma árvore atravessada em frente à sua escola de música, desde que uma tempestade varreu a capital paulista.
Para piorar, os fios estão energizados e a falta de coordenação entre Enel e prefeitura jogou a Cristiane no limbo da falta de perspectiva de que o problema seja resolvido.
A Defesa Civil apareceu no domingo (13/10) para fazer a remoção da árvore. Como os fios seguiam energizados (as lâmpadas estão acesas dentro da escola), a empresária foi orientada a procurar a Enel, o que já tinha feito anteriormente.
Cristiane voltou a falar com a concessionária na manhã desta segunda e diz que não houve qualquer posição a respeito do seu caso, porque a mandaram falar com a defesa civil, com quem já havia mantido contato. “Hoje liguei para a ouvidoria e fui extremamente maltratada”, diz. “A atendente desligou o telefone na minha cara”, afirma.
Sem qualquer previsão de quando poderá trabalhar normalmente, a empresária colocou uma placa em frente à escola, alertando para o risco dos fios energizados e contando as horas desde a tempestade. “As pessoas estão correndo perigo, porque podem encostar em um cabo desses e morrer”, diz.
O caso de Cristiane não é um fato isolado em meio aos transtornos enfrentados por outros moradores da zona sul. A região de Santo Amaro enfrenta uma segunda caótica.
Mesmo três dias após a tempestade que assolou a capital paulista, as ruas ainda estão cheias de troncos retorcidos, fios soltos e semáforos apagados. Muitos imóveis seguem sem energia elétrica e os moradores criticam a falta de coordenação entre prefeitura e Enel para trazer a normalidade de volta.
Entre as estações Borba Gato e Alto da Boa Vista, na Linha 5-Lilás de metrô, quase não há semáforos ligados. Em alguns cruzamentos das avenidas Santo Amaro e Adolfo Pinheiro, marronzinhos tentam ordenar o trânsito. Já em outros pontos, a confusão impera. Motoristas e pedestres contam com a sorte para realizar a travessia.
Na própria Santo Amaro, um dos postes foi retorcido durante o vendaval, que chegou a 107 km/h. Vários comércios da região estão sem energia até o momento.
O administrador Peter da Silveira, 61 anos, acompanhava no meio da tarde a tentativa de remoção do que sobrou de uma árvore que teve o tronco partido em uma das travessas da Santo Amaro.
O trabalho tem sido feito em etapas e, durante a entrevista, uma equipe do serviço de cata-bagulho da prefeitura tentava remediar o problema, mesmo sem equipamentos adequados.
Para piorar, a energia ainda não foi restabelecida em uma das torres, que conta com 126 salas comerciais e cerca de 500 funcionários. “O gerador tem horário para funcionar, porque o consumo de óleo é muito grande”, diz. “A Enel tem que dar um jeito”, afirma.
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