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8 de janeiro: Um incompreensível apagão nos informes da Abin

O dia 8 de janeiro de 2023 ficou marcado por ataques num domingo às sedes dos Três Poderes, em Brasília, um evento que levantou sérias questões sobre falhas na comunicação de inteligência e o papel da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Relatórios apontam que a Abin emitiu ao menos 33 alertas de inteligência entre os dias 2 e 8 de janeiro, sinalizando a possibilidade de atos violentos. No entanto, a na disseminação dessas informações, frequentemente compartilhadas via aplicativos como WhatsApp, comprometeu a eficácia da coordenação entre os órgãos de segurança.

Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), o ex-diretor da Abin, Saulo Moura da Cunha, admitiu que a percepção de risco aumentou significativamente entre os dias 6 e 7 de janeiro, à medida que mais ônibus com manifestantes chegavam à capital federal. Apesar disso, as informações foram devidamente repassadas às forças de segurança responsáveis pela proteção das instituições (Escudo), o resultado foi diferente do planejamento que muitos classificaram como um verdadeiro “apagão” de inteligência.

Uma questão central gira em torno da proximidade do acampamento de manifestantes, localizado a poucos quilômetros do centro de inteligência do Exército. Apesar da visibilidade da mobilização e do potencial de violência associado à concentração de pessoas, tanto a Abin quanto os setores de inteligência da Polícia Legislativa do Senado e da Câmara e da Policia Federal aparentaram falhar na coordenação de esforços para impedir a escalada dos ataques.

Outro ponto controverso envolve a destruição ou ocultação de imagens das câmeras de segurança que poderiam esclarecer aspectos cruciais dos acontecimentos. Quando a Justiça brasileira recuperar plenamente os registros supostamente apagados, será possível avançar nas investigações e compreender se o caos foi resultado de falhas operacionais ou de uma estratégia deliberada para transformar os ataques em capital político.

Se comprovado que o apagão de informes foi proposital, isso pode sugerir uma facilitação estratégica do desastre, ampliando o debate sobre as responsabilidades de quem deveria proteger a ordem e resguardar as instituições democráticas. Essa hipótese, cada vez mais explorada por analistas políticos, coloca em xeque a autonomia e a credibilidade dos órgãos de inteligência e segurança do Brasil.

Os eventos de 8 de janeiro não apenas expuseram vulnerabilidades institucionais, mas também alimentaram narrativas políticas. A exploração do ocorrido como ferramenta de fortalecimento político por determinados grupos evidencia que as consequências vão além do campo jurídico, impactando diretamente o tecido democrático do país.

Quando a verdade finalmente vier à tona, ela poderá ser desconfortável, mas será essencial para que o Brasil retome o equilíbrio entre os Poderes e evite que episódios como o de janeiro de 2023 se repitam. Até lá, paira a dúvida: as falhas da inteligência foram negligência ou cálculo? A resposta a essa pergunta é crucial para o futuro da democracia no Brasil.

Foto de Carlos Arouck

Por Carlos Arouck*

*Carlos é Policial federal. É formado em Direito e Administração de Empresas.

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