Ao identificarem duas novas espécies, cientistas de um museu na Holanda inovam na indexação de informações de taxonomia e criam um sistema internacional e acessível de catalogação para consulta.
A descoberta de duas espécies de aranhas saltadoras — Chrysilla lauta, encontrada em Bornéu e Cingapura, e Phintelloides versicolor, localizada no Sri Lanka — nunca vistas antes incentivou a criação de uma rede que conecta informações entre os museus. A ideia é centralizar os dados. A taxonomia de aracnídeos voltou seus olhos para espécies desconhecidas de aranhas após um projeto ecológico realizado no Bornéu, uma ilha localizada no sudeste asiático, onde se observaram 10 mil espécies. O guia de fotografia Aranhas do Bornéu se tornou uma referência para a pesquisa realizada pelo Centro de Biodiversidade, um museu biológico localizado em Leiden, na Holanda.
da ISBN para registrar livros internacionalmente, o Digital Object Identifiers (DOIs) são códigos globais e únicos que registram digitalmente informações e transformam essas em objetos digitais, que podem ser acessados por serem centralizados em um único lugar. Com o fluxo parecido com o de um hiperlink, a revista Pensoft Publishers e a associação internacional sem fins lucrativos de divulgação de artigos taxonômicos, Plazi adotou um fluxo onde as referências, citações e imagens podem ser acessadas em um quadro interativo, com informações de índice, imagens, pesquisadores participantes, entre outros, com um clique no artigo.
Esse método deve tornar os dados mais acessíveis e precisos, garantindo que a descrição de espécies esteja vinculada a registros digitais permanentes. O processo convencional de identificação e catalogação de espécies, muitas vezes, feito manualmente e sujeito a revisões, agora ganha uma camada extra de segurança e transparência. A partir da utilização de DOIs, cada espécime descrito digitalmente tem um “endereço” único e rastreável, facilitando a verificação e o compartilhamento de informações em escala global. Os autores do estudo enfatizam que esse avanço oferece um novo nível de interconectividade além de museus, abrangendo universidades e institutos de pesquisa.
Nanopublicações
Os dados de biodiversidade podem ser acessados e reutilizados com mais facilidade por cientistas, gestores ambientais e formuladores de políticas públicas. A técnica das nanopublicações, por sua vez, permite dividir e compartilhar as informações em pequenos pacotes de conhecimento verificáveis, que podem ser interligados a redes maiores de dados.
Porém, ainda há desafios a serem enfrentados, principalmente relacionados à adoção ampla desses métodos por parte de instituições e pesquisadores que ainda utilizam métodos mais tradicionais. No entanto, iniciativas como essa apontam para um futuro no qual o trabalho de taxonomistas poderá ser amplamente auxiliado por recursos digitais.
Para Castiele Holanda Bezerra, doutora em ecologia e recursos naturais pela Universidade Federal do Ceará (UFC), o sistema de DOIs usado pela primeira vez pelos autores numa publicação científica auxiliará o processo de descrição de novas espécies ao facilitar o acesso à informação dos espécimes descritos nessas publicações, onde normalmente essas informações ficam mais restritas às coleções científicas.
Fonte: Correio Braziliense