A Imundície escondida atrás do contrato do Lixo

CHEIRO DO PODER
O que fede na cidade não é o lixo nas ruas. É o lixo político acumulado embaixo dos tapetes do poder.

DELAÇÃO À VISTA
Um advogado conhecido nos bastidores da política prepara uma delação premiada capaz de revelar a podridão que se esconde por trás do contrato do lixo.

TENSÃO NO AR
Há parlamentares que, até ontem, discursavam com indignação moralista e agora evitam até a própria sombra. O medo é que a lama venha com nome, sobrenome e CNPJ.

CONTRATO OU CONLUIO ?
As cláusulas que prometiam uma cidade limpa podem ter servido apenas para limpar as consciências — e engordar contas bancárias.

LIXO QUE VALE OURO
Diz o advogado que cada propina vinha bem embalada, sob a fantasia de “repasse técnico”. Tudo pelo bem comum, é claro. Um bem comum dividido entre poucos.

SUJEIRA DE ALTO NÍVEL
Nos gabinetes, fala-se que o delator guarda cópias de outros contratos igualmente duvidosos. 

COBERTURA
O lixo seria só a tampa do contêiner onde fermentam outros negócios escusos.

NOTAS COM CHEIRO FORTE
O fedor das ruas não se compara ao odor das notas que circulam silenciosas, carimbadas pelo Banco Central, em direção aos bolsos de nobres parlamentares defensores da ética pública.

HIPOCRISIA RECICLÁVEL
São os mesmos que falam em transparência, economia e moralidade — e que agora rezam para que o saco de lixo da delação nunca se rasgue.

O VOTO E O LUCRO
Do voto ao cofre. Para certos políticos, o sucesso financeiro começa no voto.

SENHA DA FORTUNA
Depois de eleito, o resto é detalhe. Contratos aparecem. Oportunidades brotam. As licitações sorriem.

SONHO REALIZADO
Superada a fase do palanque, o sono vem leve e tranquilo. Afinal, quando o dinheiro sujo entra no bolso, a consciência já foi varrida há muito tempo.

MORAL DE OCASIÃO
E assim segue o ciclo da política de fachada: o eleitor paga o preço, o corrupto colhe o lucro e o país, como sempre, engole o lixo — reciclado em promessas para a próxima eleição.

OPINIÃO
Porto Velho sabe bem que, na maioria absoluta das vezes, não basta vencer uma licitação obedecendo a todos os critérios legais. 

OPINIÃO 2
Isso é só a primeira parte da história — e a mais ilusória. O verdadeiro teste vem depois.

OPINIÃO 3
Quando surgem as chamadas “forças ocultas”, aquelas pressões subterrâneas, de gabinetes fechados, que tentam deslegitimar um contrato válido apenas porque o dinheiro não circulou para onde alguns esperavam.

OPINIÃO 4
No setor de limpeza urbana, a prática é quase folclórica. A empresa entra com documentação impecável, preço competitivo, comprova capacidade técnica. Vence. 

OPINIÃO 5
Mas logo descobre que o troféu não é a assinatura no papel: é comprar a blindagem política. 

OPINIÃO 6
Sem isso, corre o risco de ver o contrato paralisado, suspenso, judicializado, sob alegações mirabolantes que, na prática, só servem para pressionar quem não “colaborou” com o jogo subterrâneo.

OPINIÃO 7
É a lógica perversa de um sistema que trata a legalidade como um detalhe e a “conformidade política” como a verdadeira moeda de permanência. 

OPINIÃO 8
Não se trata de conjectura: basta olhar para os contratos do lixo em Porto Velho. A cada disputa, surge um enredo diferente.

OPINIÃO 9
Sempre recheado de denúncias, contra-argumentos, decisões judiciais que mudam de rumo conforme o vento, e um rastro de suspeita que não raro atinge quem não deveria.

OPINIÃO 10
Enquanto isso, quem paga a conta é a população, que precisa conviver com um serviço essencial tratado como palco de chantagens, interferências e vaidades. 

OPINIÃO 11
No fim das contas, fica a sensação amarga de que a lei é apenas um pretexto: o verdadeiro contrato se cumpre em outra sala, onde as assinaturas não são reconhecidas em cartório, mas em acertos de bastidores.

OPINIÃO 12
Porto Velho precisa superar essa lógica. Porque a sujeira maior, todos já sabem, não está nas ruas — está no caminho do lixo até o cofre público.

OPINIÃO 13
No contrato do lixo, a regra é clara: se não houver distribuição de favores, o risco de suspensão, judicialização e boicote é quase certo. A lei, nesse tabuleiro, vale menos do que o “pedágio político”. 

FRASE
Para saber o que as pessoas realmente pensam, preste atenção no que elas fazem e não no que dizem.

Por Cícero Moura*

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