No dia 10/04, às 20h41, a Agência Brasil, órgão de comunicação oficial do governo brasileiro, fez saber à nação que a fumaça branca havia saído do gabinete presidencial e tínhamos um novo ministro das Comunicações. O conclave havia sido feito no final daquela mesma tarde, envolvendo os cardeais Lula, Alcolumbre e Gleisi Hoffman.
No dia seguinte, 11/04, às 10h47, o suposto novo ministro publica uma nota em sua conta no X, afirmando que a decisão ainda não estava tomada, e que dependia de conversas na bancada. Ontem, finalmente, Pedro Lucas Fernandes, respeitosamente, declinou do convite.
Não temos como saber o que aconteceu naquela reunião no final da tarde no Palácio do Planalto. Tratava-se, em tese, de uma reunião pro forma, em que o partido apresenta a sua escolha para ser sacramentada pelo presidente em uma reunião beija-mão. Há duas hipóteses: ou o deputado tinha aceitado ser ministro na cota do partido em um arranjo liderado por Alcolumbre, mas voltou atrás depois da reação da bancada, ou foi para a conversa desavisado, disse que iria pensar, e Lula mais Alcolumbre quiseram criar uma fato consumado para constranger a ele e ao partido.
A imprensa vem destacando o vexame do governo Lula, mas creio que o grande perdedor nessa história é Davi Alcolumbre, que demonstrou não ter controle sobre a bancada de deputados do partido. Sua interlocução com o governo Lula fica prejudicada daqui em diante, pois sua influência é menor do que a que vendia.
Claro que o governo Lula também sai enfraquecido. Afinal, fosse o governo mais forte, haveria fila de candidatos para ocupar a cadeira vaga. Ainda não é o caso de debandada, mas a dificuldade de manter a bancada do União unida é sinal de alerta.
Por Marcelo Guterman*
Marcelo é Engenheiro de Produção pela Escola Politécnica da USP e mestre em Economia e Finanças pelo Insper.
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