Em uma ação conduzida em sigilo, a Polícia Federal realizou busca e apreensão em endereços ligados a Felipe Alexandre Wagner, assessor da Procuradoria-Geral da República. O servidor atuava em processos que envolviam autoridades de peso, incluindo governadores e desembargadores, e passou a ser investigado sob suspeita de repassar informações internas a pessoas ligadas a esquemas de venda de sentenças.
A operação, batizada de Sisamnes, foi autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal, que conduz o caso. O nome do servidor surgiu em uma conversa interceptada entre o prefeito de Palmas, José Eduardo de Siqueira Campos, e Thiago Barbosa de Carvalho, sobrinho do governador afastado do Tocantins, Wanderlei Barbosa Castro. No diálogo, ocorrido em junho de 2024, Campos mencionava um contato em Brasília identificado apenas como “Felipe”, descrito como responsável por elaborar pareceres capazes de influenciar decisões judiciais.
As investigações apontam que o vazamento teria atingido operações sigilosas em andamento no Superior Tribunal de Justiça, conhecidas como “Fames-19” e “Maximus”. Para os investigadores, a menção ao servidor reforça a suspeita de que a rede de influência e troca de favores não se restringia ao Judiciário, mas também alcançava a própria Procuradoria-Geral da República, que deveria estar na linha de frente do combate a esses ilícitos.
No cumprimento dos mandados, a PF apreendeu o celular e o notebook do assessor. Fontes próximas ao caso informaram que a PGR decidiu exonerá-lo do cargo comissionado, embora a medida ainda não tenha sido oficializada no Diário Oficial da União.
A Operação Sisamnes já havia atingido magistrados, advogados e lobistas acusados de intermediar decisões judiciais. A inclusão de um servidor da PGR amplia o impacto do caso e acende o alerta sobre possíveis ramificações mais profundas. Tanto a PF quanto a própria Procuradoria temem que o episódio seja explorado politicamente.
Fonte: jco*
