Se os Correios fossem privatizados hoje por R$1,00, o comprador ainda teria que desembolsar ao menos R$ 6 bilhões para capitalizar a empresa. É isso o que significa esse patrimônio líquido negativo.
Veja abaixo a reportagem publicada pelo Valor Econômico:
Os Correios são um descalabro administrativo, mas que não chega realmente a surpreender. O balanço, segundo a reportagem do Valor, não tem nada de anormal, nenhuma despesa que se possa classificar como extraordinária. O prejuízo de R$ 1,7 bilhão em um único trimestre foi construído com afinco e dedicação: queda de receita, aumento de gastos com pessoal, aumento de gastos administrativos, aumento de despesas financeiras. Enfim, muito trabalho duro para chegar nesse resultado.
A única coisa que talvez pudéssemos classificar de one off é a despesa com demandas judiciais (leia-se processos trabalhistas). Segundo a auditoria, a empresa está subestimando os gastos futuros com essas demandas, com provisões não suficientes. Ou seja, a coisa pode piorar ainda mais.
Mas os Correios cumprem uma função social. Agora mesmo, agências dos Correios servirão para que os aposentados tungados pela máfia do INSS registrem o seu pedido de reembolso. Só isso já justifica a existência da estatal.
Por Marcelo Guterman*
*Marcelo é Engenheiro de Produção pela Escola Politécnica da USP e mestre em Economia e Finanças pelo Insper.
