A paródia mal acabada – uma espécie de versão tupiniquim – da desmascarada tentativa de golpe nos EUA, o 6 de janeiro do Capitólio, realizada aqui no Brasil pelos artistas do STF acaba de ser oficializada, por cinco votos a zero.
Nenhuma surpresa, mas fica o gosto amargo da ditadura enfiada, agora com recibo e tudo, goela abaixo dos brasileiros decentes.
Numa espécie de sonho improvável, poderíamos imaginar, otimistas, que os palhaços no picadeiro desse circo são eles, com sua pompa, suas mentiras, suas togas brilhantes, seus adornos inúteis, seus relógios patek de 320 k dólares, seu palavreado sem sentido e sua irresponsabilidade tosca.
Sim, poderíamos sonhar.
Mas, ao despertar amanhã, vamos descobrir fatalmente a dura realidade: somos todos palhaços: nós, eles, o vizinho, o papagaio, o garçom do STF, empresários, industriais, políticos de direita, centro, esquerda ou fantasiados, advogados, putas, santas, bandidos, cidadão honesto, ricos ou pobres, negros ou brancos, viados ou heteros, e se aplica para todo brasileiro que respira e paga ou não impostos.
Porque a decisão do STF institucionaliza finalmente, com reconhecimento em cartório, o circo da ditadura brasileira.
Algo como a estapafúrdia presença, na Venezuela, de um narco ditador que se mantém no poder pelo apoio de uma suprema corte corrupta e comprada, e só por isso.
Longe da realidade, como toda a ditadura.
Já sabíamos que aconteceria.
E o próximo passo é claro: os reús dessa obra de ficção que é o processo de 8 de janeiro serão fatalmente condenados, entre eles o ex presidente Jair Bolsonaro.
Caso o despertador dos 200 milhões de brasileiros não funcione, continuaremos a dormir e sonhar, enquanto o sistema destrói e encarcera seus opositores.
