Hospitais públicos e privados da Itália intensificaram o recrutamento de médicos e enfermeiros brasileiros para enfrentar a grave escassez de profissionais de saúde no país. O déficit ultrapassa 65 mil trabalhadores no sistema de saúde italiano.
Nesta quarta-feira (10), dados confirmam que instituições italianas estão oferecendo remunerações mensais de até 7 mil euros (aproximadamente R$ 44,6 mil), além de moradia, passagens aéreas e cursos de idioma.
O Decreto Milleproroghe facilitou o processo ao flexibilizar temporariamente o reconhecimento de diplomas estrangeiros. Com isso, profissionais do Brasil podem começar a trabalhar na Itália enquanto aguardam a equivalência oficial de suas credenciais.
A formação brasileira na área da saúde tem atraído interesse no mercado italiano por ser considerada sólida e pelo enfoque humanizado no atendimento ao paciente. As vagas disponíveis vão além dos hospitais tradicionais, incluindo posições em geriatria, casas de repouso, centros comunitários de saúde e projetos humanitários.
Descendentes de italianos têm um benefício adicional: após dois anos de trabalho no país, podem solicitar a cidadania italiana. Essa possibilidade transforma a oportunidade profissional em um projeto de vida permanente na Europa.
“A Itália está de portas abertas. O Brasil tem profissionais talentosos e a Itália tem uma necessidade urgente. O desafio é apenas ligar os dois lados da ponte”, declarou Talita Dal Lago Fermanian, presidente da Câmara de Comércio Itália-Brasil.
O governo italiano anunciou planos para emitir quase 500 mil vistos de trabalho para estrangeiros até 2028. A iniciativa busca combater os efeitos do chamado “inverno demográfico” que afeta o país. A população italiana diminuiu para 58,93 milhões de habitantes em 2024, seguindo uma tendência de declínio observada na última década.
O envelhecimento populacional na Itália agrava o déficit de profissionais de saúde. A demanda por cuidados médicos aumenta com uma população cada vez mais idosa, enquanto o número de profissionais disponíveis diminui.
Em maio deste ano, a Câmara dos Deputados italiana aprovou um decreto-lei que restringe o reconhecimento automático da cidadania para descendentes de imigrantes nascidos fora do país. A alteração na Lei da Cidadania de 1992 limita o direito à cidadania por laços sanguíneos a apenas duas gerações nascidas fora da Itália. A proposta foi aprovada com 137 votos favoráveis e 83 contrários.
A burocracia representa um desafio para a implementação eficaz dos planos de recrutamento. Em 2023, dos 130 mil vistos disponibilizados pela Itália, 56% receberam autorizações iniciais. Apenas 29% dos candidatos conseguiram obter o documento. Somente 13% assinaram contratos de trabalho e 7,5% receberam autorização para residência permanente no país.
O cenário não apresentou melhorias em 2024. As projeções indicam que os mesmos obstáculos burocráticos devem persistir. A prevalência de contratos de curta duração frequentemente resulta em situações de permanência irregular de trabalhadores estrangeiros em território italiano.
Fonte: jco*
