Lula enfrenta pressão para se acertar diretamente com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), a fim de garantir a aprovação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal. A situação, que se intensificou neste sábado (29), pode resultar na primeira rejeição de um indicado ao STF desde o final do século 19, nos primórdios da República brasileira.
Parlamentares da Casa expressam preocupação com as consequências institucionais de uma possível reprovação do atual advogado-geral da União. Para ser aprovado, Messias precisa conquistar o apoio de pelo menos 41 dos 81 senadores, em votação prevista para ocorrer após 10 de dezembro.
O estremecimento nas relações entre o Palácio do Planalto e o Senado ocorreu porque Alcolumbre e grande parte dos parlamentares esperavam que Rodrigo Pacheco (PSD-MG) fosse o escolhido para a vaga no Supremo. A frustração dessa expectativa gerou insatisfação na Casa, que até então era considerada o principal ponto de apoio de Lula no Legislativo.
Nos bastidores do Senado, Alcolumbre tem sinalizado disposição para barrar a indicação presidencial.
No entorno de Lula, existe a expectativa de que o presidente busque um diálogo direto com Alcolumbre, possivelmente negociando indicações para outros cargos. Entre as possibilidades estão a presidência do Cade, ocupada por um interino desde julho, e a direção da ANA, que ficará vaga em 15 de janeiro.
Pessoas próximas ao presidente do Senado avaliam que a questão vai além de simplesmente oferecer cargos. A cúpula da Casa defende uma reformulação na articulação política do governo, com aliados de Lula no Senado reclamando da falta de empenho petista nas discussões de projetos de interesse governamental.
Na quinta-feira (27), Messias se reuniu com o senador Weverton Rocha (PDT-MA), relator da indicação, que prometeu tentar reduzir as tensões e facilitar o diálogo com outros parlamentares. O advogado-geral da União tem manifestado interesse em conversar com todos os integrantes da Casa antes da sabatina na CCJ.
A escolha de Weverton como relator foi interpretada por apoiadores de Messias como um possível sinal de abertura para negociações com Alcolumbre. Até o momento, o presidente do Senado não recebeu formalmente o indicado, que mantém a expectativa de um encontro entre ambos.
