Durante uma coletiva de imprensa tensa na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se envolveu em um embate direto com um repórter do canal NBC News, uma das maiores redes de televisão dos EUA, ao ser questionado sobre um suposto presente do governo do Catar: um avião de grande porte (modelo jumbo) entregue ao Departamento de Defesa norte-americano, que estaria sendo usado provisoriamente como aeronave presidencial.
Nos Estados Unidos, o avião oficial que transporta o presidente é conhecido como “Air Force One”. Como a Boeing estava atrasada na entrega dos novos modelos encomendados, o jato doado estaria sendo usado temporariamente.
O episódio ocorreu durante o encontro de Trump com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, em meio a debates acalorados sobre denúncias de perseguição a fazendeiros brancos no país.
O chefe da nação americana havia acabado de exibir um vídeo com cenas de violência rural na África do Sul, tema delicado que pautava a coletiva. Foi então surpreendido por uma pergunta fora de contexto: um repórter, abruptamente, questionou sobre a doação de um jato pelo governo do Catar, assunto completamente alheio ao momento.
Visivelmente contrariado com a tentativa de desviar o foco, o presidente reagiu com irritação:
“Do que você está falando? Você deveria sair daqui. O que isso tem a ver com o assunto?”, disparou, em tom ríspido.
Em seguida, acusou a NBC de tentar mudar o foco do que chamou de “genocídio” de brancos na África do Sul, que ele desejava destacar na ocasião. Trump continuou atacando o jornalista:
“Você é um repórter terrível. Não é inteligente o bastante. Você é uma vergonha. Não terá mais perguntas.”
A tensão aumentou ainda mais quando Trump afirmou que, além do jato, o Catar teria oferecido US$ 5,1 trilhões em investimentos aos EUA, reforçando a importância estratégica da relação entre os dois países.
A aceitação do jato gerou críticas tanto da oposição quanto de aliados, por possíveis violações à Constituição americana, especialmente com relação à cláusula dos “emolumentos”, que proíbe funcionários públicos de aceitarem presentes de governos estrangeiros sem aprovação do Congresso.
A Casa Branca argumentou, no entanto, que, se a doação foi feita ao governo americano e não pessoalmente ao presidente, não haveria ilegalidade clara.
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