Impasses paralisantes e o Natal do crime

Carlos Sperança

Impasses paralisantes

Uma das mais qualificadas publicações da imprensa mundial, The Economist publicou há pouco uma resenha da situação amazônica. Toda ela merece leitura atenta, por abarcar grande parte de sua complexidade, mas dois pontos nem sempre considerados precisam ser puxados para dimensionar o grau de dificuldade para definir de pronto as soluções necessárias para o futuro do Brasil, via bioeconomia, e da humanidade, contornando as ameaças de apocalipses bélico, sanitário e climático.

 O primeiro ponto é a questão da propriedade. Na sociedade, parlamentos, governos e Judiciário, há muitos defensores do direito de propriedade. Alguns são doutrinados pelas melhores academias e fundações de estudos de todo o mundo, mas não se interessam ou não buscam a resolução do mais grave problema que ameaça a propriedade particular ou pública neste país: há pelo menos 22 agências do governo federal e de outras instâncias governamentais onde se pode requerer a posse da terra, mas elas “não conversam realmente entre si”, como disse à renomada publicação inglesa a pesquisadora Brenda Brito, do Imazon, e por isso reina a grilagem, severo atentado ao direito de propriedade.

Outro ponto é o desacato às leis. “O Brasil tem muitas regras federais sensatas para proteger a floresta amazônica, mas sua aplicação é lamentável”. Também por falta de interesse e vontade, direitos restritos e impunidade geram impasses, injustiças e atraso.

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No garimpo

Sou daqueles ferrenhos defensores da natureza e, por conseguinte aprovando as expedições punitivas da Policia Federal e dos órgãos do meio ambiente para restringir o garimpo no Rio Madeira, cujas águas já estão muito contaminadas com mercúrio atingindo o abastecimento de água de Porto Velho e os peixes que cada por demais contaminados. No entanto a coisa precisa ser feita com planejamento de forma de proporcionar alternativas econômicas para os que vivem da garimpagem. Constato desemprego, fome e miséria no segmento, conforme tenho verificado nas últimas semanas.

Mais problemas

Nas andanças pela capital, também constatei o combo garimpo/cocaína. O tráfico de drogas entrou com força nos garimpos da Amazonia e o comércio do ouro e das pedras preciosas ajudam na lavagem de dinheiro, assim como outras atividades suspeitas estouradas em outras capitais nos últimos anos. No rastro da atividade garimpeira-cocaineira também vem a criminalidade, a prostituição derivadas e o fomento das cracolandias que se  espalharam pelas ruas de Porto Velho nesta década. Enfim, ao meio de tantas barbaridades existem famílias trabalhadoras atingidas pelo desemprego.

Natal do crime

Imbuídos na busca de um natal e ano novo mais promissores, os criminosos de Porto Velho se atiram aos arrombamentos, assaltos,  e golpes dos mais variados. Os drogados arrombam lojas e residências –e isto é por toda cidade – e o centro antigo é o mais afetado num cenário triste e até desolador. Hoje em dia temos estirados nas calçadas mendigos e drogados que dormem até tarde do dia e os transeuntes passando por cima, algo virando rotineiro. Não bastasse, temos centenas de foragidos nas ruas ameaçando a população. É coisa de louco!

Corda no pescoço

O ano de 2024 vai começar com vários políticos com a corda no pescoço ameaçados de afastamento ou mesmo de cassação. Na Região Norte, são os casos dos governadores Antônio Denarim, de Roraima, e Gladson Cameli, do Acre, enrascados com a justiça até o talo. No sul do País, bolsonaristas e petistas se uniram na cassação do senador Sergio Moro (União Brasil) e o Ministério Público Eleitoral está pedindo a cassação do parlamentar paranaense com inelegibilidade. Moro esta frito, assado na brasa. Petistas e bolsonaristas já se preparam para uma eleição suplementar ao Senado no ano que vem e já tem até candidatos definidos.

A rodovia 319

Inaugurada em 1976, a BR 319 que conecta Porto Velho a Manaus, numa extensão de quase 900 quilômetros, trouxe grande expectativa com o fim do isolamento rodoviário dos estados do Amazonas e de Roraima, na Amazonia Ocidental. No entanto a estrada esta intrafegável a mais de 30 anos, e deixa de operar durante todo o inverno amazônico, já que cerca de 450 quilômetros se transformam em lamaçais imensos impedindo o trafego com ônibus e caminhões atolados no chamado “meião”. Em 2024 as bancadas federais de Rondônia, Amazonas e Roraima vão intensificar os esforços para que a estrada seja restaurada.

Via Direta

*** Com o fim da estiagem, o porto de Manaus começa a receber mais de 10 mil contêineres por semana, com o abastecimento restabelecido tanto na Hidrovia do Madeira, como na Hidrovia do Amazonas *** O trafego na BR 319 é intenso neste período do ano. As chuvas ainda não interromperam a ligação Manaus-Porto Velho *** A viagem de ônibus é feita no trajeto em 24 horas, com movimento enorme em vista da falta de voos para Manaus e a morosidade da viagem fluvial que dura até cinco dias *** Estou acompanhando as estatísticas das secretarias de segurança da região, dando conta na redução de homicídios, latrocínios, feminicidios e preocupado com a falta de veracidade das informações. Ocorre que na prática a coisa está feia.

O conteúdo opinativo acima não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Correio de Notícia e não tem responsabilidade legal pela “OPINIÃO” do autor. É de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna*

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