Algo extremamente irresponsável, que não tem nada a ver com jornalismo profissional.
No episódio do sequestro na Rodoviária Novo Rio nesta terça-feira (12), que durou cerca de duas horas, a TV Globo cometeu o mesmo erro de ocasiões parecidas.
Ao vivo, a emissora mostrou o posicionamento dos atiradores de elite que estavam a postos na ponte Rio-Niterói esperando o criminoso sair do ônibus.
No passado, a interferência da televisão no caso do sequestro do ônibus 174, em 2000, e do assassinato da jovem Eloá, em 2008, conturbou o trabalho de inteligência da polícia.
Esse novo incidente levou a uma repreensão pública por parte do porta-voz da Polícia Militar, que alertou sobre o impacto negativo da cobertura na operação policial em curso.
A Record também fez transmissão semelhante. Uma guerra insana e aética por audiência.
O coronel Marcos Andrade expressou preocupação ao vivo, solicitando que cessassem a transmissão das imagens diretamente do ônibus sequestrado, pois estava comprometendo as negociações policiais.
“Vocês estão registrando a movimentação de tropa”, criticou ele, referindo-se à transmissão que poderia estar fornecendo informações cruciais ao sequestrador.
O incidente envolveu o criminoso Paulo Sérgio de Lima, que assumiu o controle de um ônibus com destino a Juiz de Fora, Minas Gerais, fazendo 17 pessoas reféns. O sequestrador se rendeu após um tenso período de três horas de negociações com a polícia.
Por pouco, a atitude da mídia não causou uma tragédia que poderia abalar o Brasil.