Alguns fatos chamaram a minha atenção neste entrevero envolvendo o bilionário e dono do X, Elon Musk, e o ministro do STF, Alexandre de Moraes: (I) a disposição do primeiro em comprar briga com o segundo, (II) a reação absolutamente desproporcional e digna de gargalhadas do magistrado e (III) as reações de terceiros à querela. Explico adiante.
Elon Musk não tem a menor necessidade em arrumar confusão com um juiz que é praticamente dono de uma republiqueta como a nossa. Suas empresas garantem uma condição financeira absolutamente satisfatória a ele. Desde a compra do Twitter e a consequente mudança de nome para X, nota-se uma maior liberdade de opinião na rede social.
Antes, determinadas informações ou visões conservadoras eram censuradas sem a menor cerimônia.
O maior exemplo foi a retirada da matéria feita pelo jornal New York Post sobre o filho do então candidato à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden – as informações envolviam corrupção e tráfico de influência.
Os executivos da época tiveram a cara de pau de negar a censura, mas como diabos se explica tal atitude?
Ainda que Musk não seja santo e tenha um pezinho no globalismo, é inegável a melhora da rede social no quesito liberdade de expressão.
Pouco depois de perguntar o porquê de tanta censura no Brasil, Musk passou a ser investigado no famigerado inquérito do fim do mundo por ordem do ministro Moraes.
O inquérito é uma várzea jurídica do começo ao fim, desnecessário ressaltar a todo momento o festival de ilegalidades presenciado nessa saga megalomaníaca.
Porém, o que realmente me espanta nisso tudo é a vontade do ministro em protagonizar mais um vexame – com a diferença de que o sr. Musk não é uma tia do zap submetida aos seus arroubos totalitários.
Quando tomei conhecimento do fato, julguei estar diante de um meme ou coisa parecida, mas não era bem isso.
Triste constatação: o STF, a mais alta instância do judiciário, Suprema Corte outrora admirada e respeitada pelo povo brasileiro, virou chacota mundial ao ser instrumentalizado por alguns integrantes indignos de estarem onde estão.
Como explicar isso às próximas gerações?
Mas, é claro, não poderia faltar o corporativismo da classe política em defesa do iluminíssimo togado. Das manifestações que li até agora, as dos senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Eliziane Gama (PSD-MA) são as mais reveladoras da nossa miséria enquanto país. Ambos são absurdamente incultos e refletem exemplarmente a burrice nacional – disso eu nunca tive dúvida. Porém, a cumplicidade incondicional com um magistrado que exagerou até mesmo para os seus padrões corriqueiramente insanos é demais.
Dois políticos do Centrão fazendo coro à chorumela esquerdista é vergonhoso, nem os aloprados lulistas foram tão coléricos na malhação do sr. Musk quanto eles.
Isso serve para que se acabe de vez com essa pantomima de classificar o Centrão como a parte neutra e sem ideologias da política brasileira, pois o projeto petista advindo dos companheiros autocratas do Foro de São Paulo só avançou graças ao servilismo de engravatados carreiristas sem um pingo de vergonha na cara.
Vejam só vocês: foi necessário que um gringo bilionário tivesse a coragem de falar o que o Brasil inteiro já sabe para o assunto virar tema dos principais jornais da grande mídia mundial. Nossos caríssimos – literalmente – 81 senadores são incapazes de fazer valer a lei e estancar a sangria do autoritarismo togado por pura falta de coragem. Fui muito benevolente, pois os verdadeiros motivos também são de conhecimento-geral. Desde 2019, o país assiste a uma caçada aos conservadores e direitistas em geral. Uma caçada pérfida, ilegal e imoral. Não me venham com o papo de que isso é necessário para prender os tais golpistas, pois a coisa teve início por puro corporativismo do Poder Judiciário e o famigerado oito de janeiro veio quatro anos depois. Não subestimem a minha inteligência.
Em artigo para o Instituto Liberal, pontuei que esta saga totalitária e persecutória contra a direita cobrará um alto preço aos seus executores. Citei a Guerra Civil Espanhola como exemplo. Ora, as esquerdas promoveram o Terror Rojo, período caracterizado por perseguições contra a Igreja Católica que incluíam assassinato de padres, violações de freiras e o incêndio de igrejas – tudo isso sob o olhar complacente de Manuel Azaña, que mal escondia a satisfação com aquela saga demoníaca ao afirmar alegremente ‘’España ha dejado de ser católica’’. A alma espanhola falou mais alto, armou-se contra os socialistas sanguinários e derrotou o Leviatã vermelho – cair nas mãos de um carniceiro como Franco foi lamentável, mas isso é outra história. Se as esquerdas brasileiras não tiverem um pouco de temperança, não é exagero imaginar tais acontecimentos dolorosos em solo tupiniquim.
Por fim, resta ao Senado da República assumir uma única vez o papel que lhe cabe nos termos da lei e interromper esse inferno totalitário promovido por um único togado que se quer fazer Deus.
As evidências para um pedido de impeachment do sr. Moraes existem em abundância. O clamor das ruas e da sociedade civil é notório demais para ser ignorado. Os senhores oitenta e um senadores continuarão a dar aval a um iluminíssimo superpoderoso ou vão agir em consonância com a Constituição tão defendida por Vossas Excelências em discursos e eventos com o beautiful people?
A esperança é a última que morre. Eu tenho quase certeza que o sr. Moraes continuará a rasgar a Constituição com a anuência do Senado.
O que já não foi aquela que foi chamada de a casa dos estadistas no Império, não? A possibilidade real do ministro ter de responder pelas suas ações vem de um estrangeiro que nunca morou aqui e pouco tem a ver com o nosso vexame como nação. Isso é imperdoável, mas pouco importa no momento.
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