São Paulo — As filhas do médico apontado pelo candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, como responsável pela falsa internação do adversário Guilherme Boulos (PSol) por uso de cocaína desmentiram o influenciador neste sábado (5/10).
Em vídeo, a médica Aline Garcia de Souza (foto em destaque), afirma que seu pai, que já faleceu, nunca trabalhou na clínica Mais Consulta no Jabaquara, zona sul da capital, e, portanto, não atestou o falso atendimento de Boulos, que teria ocorrido em janeiro de 2021, segundo o receituário postado por Marçal na noite de sexta-feira (4/10) e excluído por determinação da Justiça Eleitoral.
Ela conta ter recebido inúmeros contatos de pessoas próximas a respeito do caso que classificou a fraude como “absurda”.
“Aconteceu uma coisa um tanto quanto absurda, em meio a essas campanhas políticas aí. Eu não sei por que, em que contexto, foi usado o nome e o CRM do meu pai pelo Pablo Marçal. E eu sei que a questão é muito grave. E eu não sei até que ponto e por que disso tudo, né? Porque usar a identidade de uma pessoa que, inclusive, nem está mais aqui, entendeu? As coisas já estão começando a ser apuradas, mas eu quero deixar esclarecido aqui que meu pai jamais trabalhou nessa clínica, nunca trabalhou nessa clínica que foi divulgada”, diz Aline no vídeo.
Ao Metrópoles, a irmã dela, Carla Maria de Oliveira e Souza, relata que foi acordada na madrugada deste sábado por oficial de Justiça que queria avaliar a suposta assinatura de seu pai no laudo divulgado por Marçal. Como está acamada, ela não conseguiu atender o oficial, mas negou por mensagem que a assinatura seja de seu pai.
“O Marçal é um mentiroso patológico, não tem como lidar com um criminoso desse. Ele não tem limite. Meu pai sempre trabalhou em Campinas, nunca trabalhou nessa clínica apontada pelo Marçal ou mesmo em São Paulo. Não sei como pegaram os dados do meu pai. Já entrei em contato com um advogado e vamos processar o Marçal”, diz Carla.
O médico José Roberto de Souza, citado no falso laudo divulgado por Marçal, era hematologista e morreu em 2022, de Covid. Ele atuava em Campinas, nunca atendeu em São Paulo, e nos últimos anos de vida clinicava no hospital da PUC na cidade do interior paulista.
O caso tem mobilizado e causado revolta nas redes sociais desde a noite de sexta-feira (4/10), quando Marçal divulgou a imagem em suas redes sociais de um receituário médico com a informação de que Boulos teria sido internado por uso de cocaína, com um quadro de “surto psicótico”.
Neste sábado, o juiz Rodrigo Marzola Colombini, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, concedeu liminar determinando a exclusão de posts publicados no Instagram, TikTok e Youtube sobre o falso documento divulgado pelo candidato do PRTB contra o adversário do PSol.
Boulos anunciou, ainda na sexta-feira, que iria pedir a prisão de Marçal e dono da clínica citada no laudo, Luiz Teixeira da Silva, que é amigo do influenciador e já foi preso sob a acusação de fraudar e desviar cerca de R$ 20 milhões da área da Saúde.
A Justiça Eleitoral, no entanto, proíbe a prisão de candidatos no período que antecede o pleito, exceto em casos de flagrante delito. A norma, no caso das eleições de 2024, vale desde o dia 21 de setembro.
-Metrópoles