Antônio Cícero Santana da Silva Apurinã, coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Médio Rio Purus, foi exonerado pelo Ministério da Saúde do Governo Lula devido a acusações de assédio sexual. Ele teria feito propostas indevidas a servidoras, com a ameaça de transferência para regiões isoladas ou perda de emprego para aquelas que se recusassem. A demissão foi oficializada em 11 de setembro, após denúncias feitas por funcionários do distrito.
Apurinã havia assumido o cargo em fevereiro do ano passado, atuando no distrito localizado em Lábrea, no Amazonas, que atende mais de 12 mil indígenas distribuídos por 128 aldeias.
As acusações contra ele envolvem pelo menos quatro casos de assédio sexual e moral, que foram encaminhados ao Ministério Público Federal (MPF) e à Polícia Federal (PF), tanto em Rondônia quanto no Amazonas.
A Polícia Federal de Rondônia já iniciou uma investigação, colhendo depoimentos sobre o caso. A Câmara Municipal de Lábrea, por meio de sua Comissão de Saúde, também iniciou apurações para elucidar as denúncias.
O Ministério da Saúde afirmou, em nota, que o Dsei está colaborando com as investigações em andamento.
Algumas vítimas, sob anonimato, compartilharam suas experiências de assédio, alegando temer represálias. Uma das mulheres afirmou que, durante viagens de trabalho, frequentemente era designada para missões de longa duração a bordo de um barco, o que facilitava a abordagem do chefe.
De acordo com os relatos, Apurinã mantinha um espaço reservado no barco e a chamava para encontros privados, onde fazia elogios exagerados e tentava contato físico inapropriado, sempre prometendo promoções. Ele teria, inclusive, comentado com indígenas que “ainda teria relações sexuais” com a funcionária.
A Polícia Civil do Amazonas informou que os documentos referentes ao caso foram encaminhados para a Polícia Federal, que já conduz a investigação. A PF em Rondônia, por sua vez, declarou que não comentará investigações em curso. O MPF e as autoridades policiais do Amazonas também foram procurados, mas não se manifestaram até o momento.
Outros casos de assédio sexual no governo Lula
O episódio envolvendo Apurinã não é o primeiro caso de assédio sexual em órgãos do atual governo. No mês passado, Silvio Almeida foi demitido do Ministério dos Direitos Humanos por acusações semelhantes de comportamento inadequado, também relacionadas a assédio sexual.
Fonte: jco