Aquela arrogância e prepotência na hora de encarar o povo através da sua destemida Guarda Municipal, vira uma “fala fina” quando o assunto é com o crime organizado.
Foi assim quando o Eduardo Paes engoliu goela adentro a construção da “Ponte do Tráfico”. Um traficante poderoso resolveu construir uma ponte que ligaria duas comunidades e construiu. O prefeito disse que iria derrubar, pois era clandestina. O meliante, então, respondeu ironicamente que se alguém tocasse naquela ponte receberia tiro. Pergunta se derrubaram a ponte – é claro que não. Anos se passaram e ela está lá, firme e forte até hoje.
Agora o Prefeito Nervosinho depara com outra situação inusitada: criminosos estão extorquindo a empreiteira que é responsável pela construção de um parque no terreno onde funcionava a antiga Universidade Gama Filho, em Piedade, Zona Norte do Rio. Na última segunda-feira (08), três criminosos foram ao canteiro de obras e exigiram a quantia de quinhentos mil reais. “Ou paga ou a obra não sai”, disseram eles.
A obra que custa R$ 65 milhões, além de outros R$ 47 milhões em desapropriações, está ameaçada.
Porém, aquilo que já se apresentava como um fato grotesco, assume contornos ainda mais surreais com a participação do nervosíssimo e implacável prefeito da nossa Cidade Maravilhosa.
Pois bem, a empreiteira comunicou a extorsão ao Paes. Quem já enfrentou os agentes da Ordem Pública no Rio deve estar imaginando o ranger dos dentes do prefeito da cidade. Aliás, qualquer carioca, pois os noticiários locais diariamente são ocupados com matérias da atuação desses agentes de Ordem Pública, apreendendo as mercadorias dos trabalhadores que executam suas atividades laborais irregularmente em vias públicas.
Agora sim esses bandidos organizados irão conhecer a truculência da Guarda Municipal do Rio, afinal, estamos falando de patrimônio público municipal e a Secretaria de Ordem Pública vai entrar de sola no caso – é o que pensou qualquer carioca um pouco mais informado.
A essa altura já era para a turma do Paes ter invadido a comunidade, fechado 30 estabelecimentos por falta de alvará, apreendido drogas e armas por falta de notas fiscais e o chefe do tráfico experimentaria pessoalmente a truculência dos destemidos agentes de Ordem Pública que o povo do Rio já conhece muito bem, com direito a dedo na cara, golpes de cassetete e todo o requinte que compõe a atuação severa desses homens durões que trabalham na defesa do patrimônio público municipal sem medir esforços.
Só que não!
O Prefeito Nervosinho, tal como um gatinho, foi para as redes sociais denunciar o crime de extorsão que a Prefeitura vem passando. Na sua postagem, marcou o ministro interino da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli e a Polícia Federal.
No instante que o Prefeito é chamado ao cumprimento do dever – na hora de colocar a sua Guarda Municipal para trabalhar – ele prefere os holofotes. Quer se vitimizar e cobra respostas da Polícia Federal e do Ministro da Justiça.
Esse é o momento de concentrar esforços – focar mesmo – na identificação e prisão desses delinquentes. A esse tempo, já deveriam estar todos identificados e monitorados até a expedição de mandados de prisão.
Porém, Eduardo Paes se limitou a determinar que seu Secretário de Ordem Pública comunicasse o fato à Polícia Civil e um inquérito foi instaurado junto à Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco/IE).
Todo mundo já sabe que o Nervosinho “mete o galho dentro” (num carioquês raiz), quando o assunto é o crime organizado. Entretanto, o que ninguém sabia é que não se trata apenas de medo. Nosso prefeito deve estar acometido com síndrome do pânico, senão vejamos:
A lei determina que uma placa deve afixada em local visível, informando o nome da empresa responsável pela execução do projeto e o seu custo, além da data de início e de término da obra. Contudo, diante das ações desses grupos criminosos que andam extorquindo dinheiro das empreiteiras, a prefeitura decidiu burlar a legislação e omitir o valor das obras. Para chegar a esse ponto é possível que o nervosinho já esteja passando por incontinência urinária noturna – tamanho o pavor.
Como pano de fundo dessa estória que já faz parte da História da nossa Cidade, está o Brasil do PT. A Polícia Federal estuda se tem competência para investigar esse caso.
Mas…
Nunca é demais lembrar a reunião que Flávio Dino participou numa das comunidades do RJ. Estamos falando de territórios dominados pela mesma facção. Vejamos até onde vai uma investigação da Polícia Federal.
Carlos é Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ.