América do Sul em pé de guerra

Pela primeira vez, Brasil e Venezuela entram em choque.

A chancelaria da Venezuela considera como “cinzenta e intervencionista”, a postura do Itamarati a respeito do processo eleitoral de Caracas. Tudo isso porque o governo Lula expressou sua preocupação, sugerindo que a Venezuela reconsidere e aceite o registro da principal candidata da oposição, Maria Corina.

Na verdade, Lula não dá a cara à tapa – ele se posiciona através do Itamarati. Sua preocupação é porque nem a Yores Corina, que é uma candidata fraca, eles deixam registrar. Será uma eleição sem oposição, porque estão todos declarados inaptos a concorrerem. Aos quatro cantos do mundo esse nosso presidente defende que na Venezuela se vive uma democracia tão vigorante quanto no Brasil. O medo do Lula é esses mesmos quatro cantos do mundo perceba que a “democracia” que ele se refere não é bem uma democracia.

O fato é que o Maduro não gostou da interferência brasileira e retrucou de forma enérgica e desproporcional. Um verdadeiro coice na testa do presidente do nosso país. Em palavras mais objetivas, Maduro questionou quem é o Brasil para intervir no processo eleitoral e na democracia venezuelana e disse que o nosso país estava parecido com os EUA. Maduro desautorizou o governo brasileiro a se reportar dessa forma quando se referir à Venezuela.

A crise entre os comunistas e ditadores assume maiores contornos quando demais países de esquerda também criticaram o Maduro.

Gustavo Petro, presidente da Colômbia e Gabriel Boric, do Chile – comunistas declarados, dedicaram duras palavras ao presidente da Venezuela.

Lula não se manifesta pessoalmente – está apático – acovardado – absorvendo críticas até mesmo da Rede Globo.

Maduro chutou o balde. Disse que “a esquerda é canalha, sem vergonha e covarde – e não entende o que é democracia”.

Esses episódios são de extrema relevância para que o povo brasileiro entenda como reage o ditador venezuelano sob pressão – preocupante.

Só que o quadro é muito pior – e mais preocupante ainda.

Como todo bom representante de qualquer país efetivamente democrático, Javier Milei, presidente da Argentina, resolveu acolher os perseguidos políticos da Venezuela que bateram à porta da sua Embaixada em Caracas, concedendo asilo político.

Considerando que toda embaixada conta com o princípio da inviolabilidade diplomática, Maduro não pode simplesmente invadir o imóvel, sob pena de ferir até mesmo a soberania da Argentina. Ele resolve, então, cortar a luz da Embaixada.

Numa manobra ardilosa, o ditador venezuelano tenta forçar os próprios argentinos a expulsarem os asilados políticos.

A celeuma evoluiu. Milei retrucou no afã de minimizar o problema, acenando positivamente ao corte de luz e que, se for preciso, manda buscar todos os asilados e nacionais argentinos.

Foi quando o Maduro resolveu cercar com tropas a Embaixada Argentina e está ameaçando invadi-la. Milei já mandou o recado. Ele diz que será um problema se a Venezuela invadir a Embaixada para prender os asilados políticos, porém, se encostarem em um único argentino, vai ter guerra.

A resposta foi dada. Seja diplomata, funcionário da Embaixada ou simplesmente um nacional argentino – se encostar em qualquer um deles – Argentina declarará guerra contra a Venezuela.

Deu pra entender a gravidade da situação?

A qualquer momento pode estourar uma guerra entre Argentina e Venezuela.

Como se não bastasse tudo isso, Javier Milei acaba de chamar o presidente da Colômbia, o Gustavo Petro, aquele comunista declarado que nos referimos acima, de “comunista ladrão e assassino”.

Petro não gostou nada disso e simplesmente determinou que sejam fechadas todas as representações da Argentina e que todos os seus diplomatas saiam imediatamente do território colombiano – romperam suas relações diplomáticas com os argentinos.

Assim, temos o Maduro em atrito com o Brasil, com a Argentina, com a Colômbia e o Chile.  A Colômbia, por sua vez, em embate com a Argentina – sem falar nas ameaças do ditador venezuelano invadir o território da Guiana, guerra que pode estourar a qualquer momento.

Nunca houve tanta animosidade na América do Sul – e o caldo só vem ficando mais quente.

É muito importante que o povo brasileiro esteja conectado com os acontecimentos do outro lado do Planeta. O mundo vem entrando em guerra e isso nos deixa em estado de alerta. Contudo, também devemos dar especial atenção ao que vem ocorrendo com nossos países vizinhos. Por aqui, além do perigo ser mais iminente pela proximidade geográfica, a possibilidade de realmente ocorrer uma guerra só vem crescendo.

Que Deus proteja o Brasil.

Foto de Carlos Fernando Maggiolo
Carlos Fernando

 

Por Carlos Fernando Maggiolo*

Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ.

 

 

 

*A opinião expressa neste artigo é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Correio de Notícia não tem responsabilidade legal pela “OPINIÃO” que é exclusiva do autor.

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