Nos últimos dias a Rede Globo surpreendeu com uma série de críticas aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Algo incomum.
Nesta terça-feira (30), o jornalista Lauro Jardim bateu forte em sua coluna no jornal O Globo, em um texto repleto de ironia.
Com o título “A safra de eventos no exterior dos ministros do STJ e STF não para de crescer”, ele discorre sobre os eventos internacionais com a participação dos magistrados e questiona quem banca as passagens e a estadia.
Transcrevemos na íntegra:
“Nos últimos dias, o distinto público tem sido informado dos diversos seminários e fóruns jurídicos de que ministros do STJ e STF têm participado ou irão participar nesta e na próxima semana. Eventos sempre, é claro, no exterior. E obrigatoriamente em agradáveis cidades europeias ou dos EUA.
Na semana passada, a escolhida foi Londres. Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, do STF; Raul Araújo, Mauro Campbell, Benedito Gonçalves, entre outros, do STJ, estavam lá.
Em comum, esses eventos têm um mistério que nenhum dos ministros faz questão de esclarecer: quem banca as viagens e a estadia? O STF já se pronunciou. Disse que só paga passagem internacional de ministro quando ele está na representação da presidência da corte.
Para quem anda achando um exagero a quantidade de eventos fora do país, um aviso: a temporada das aprofundadas discussões jurídicas no exterior ainda tem uma longa agenda pela frente.
O ministro do STJ João Otavio de Noronha está organizando um evento do tipo em Washington para o mês de maio — com direito a duas noites em Nova York, que, afinal, ninguém é de ferro.
Nesta sexta-feira, será a vez de um novo e indispensável fórum de discussão em… Madri. Novamente, Toffoli, Gilmar estarão presentes aos debates.
Assim como, a dupla e mais Nunes Marques, Luís Roberto Barroso e ministros do STJ abrilhantarão os debates jurídicos noutro seminário na mesma cidade, na semana seguinte.
E, para o final de junho, o ápice deste tipo de evento, o Fórum de Lisboa, ou “Fórum do Gilmar”, assim chamado porque é organizado pelo IDP, faculdade de Direito fundada pelo ministro e de propriedade de sua família, e também conhecido pela alcunha de “Gilmarpalooza”.
Ninguém garante que as cortes brasileiras ficarão melhores com tanto debate entre seus ministros. Garantido mesmo só o aumento da quilometragem internacional da turma.”
O que será que está acontecendo?