Um esquema de corrupção envolvendo presídios do Espírito Santo foi revelado pelo ex-diretor adjunto da Penitenciária de Segurança Máxima 1, localizada em Viana, na Região Metropolitana de Vitória.
Rafael Lopes Cavalcanti Ribeiro, que foi preso em fevereiro deste ano durante uma operação do Ministério Público, está em liberdade desde o último dia 12 e revelou detalhes alarmantes sobre as atividades ilícitas dentro do sistema penitenciário.
Durante sua delação, Rafael expôs a existência de transferências irregulares de presos, venda de cargos de trabalho, e até mesmo o planejamento de rebeliões. Um dos pontos mais chocantes foi a revelação de um catálogo de garotas de programa disponibilizado aos detentos para visitas íntimas.
De acordo com o Ministério Público, um grupo criminoso infiltrado no sistema prisional do estado oferecia vantagens indevidas a presos, contando com a participação de servidores, ex-servidores, advogados e até pessoas ligadas à administração penitenciária. Rafael foi apontado como o mentor desse esquema.
Entre os principais envolvidos estavam Leonardo Pessigatt Rodrigues, detento responsável por negociar benefícios com outros presos; Jairo Gonçalves Rodrigues, seu pai e aposentado que se apresentava como assessor parlamentar e tinha acesso à parte administrativa do presídio; e a advogada Mariana de Sousa Loyola Belmont, que coletava o dinheiro das transações ilegais e era casada com um preso.
O esquema também incluía a venda de vagas em um projeto social de bonecos de crochê, com preços que chegavam a R$ 4 mil por posto, gerando uma movimentação financeira de até R$ 400 mil por mês. Além disso, houve planejamento de rebeliões e greves de fome para destituir o diretor da penitenciária.
A Secretaria da Justiça (Sejus) afirmou que está colaborando com as investigações e destacou que não tolera práticas ilícitas que comprometam a gestão e a transparência no sistema prisional do Espírito Santo. A Polícia Penal informou que o servidor Rafael Cavalcanti, atualmente de licença médica, responderá ao processo em liberdade e, se retornar ao trabalho, será realocado fora das unidades prisionais. A corregedoria abriu uma sindicância para apurar os fatos.
O advogado de Rafael, Fábio Marçal, recusou-se a comentar o caso, afirmando que o processo corre em sigilo e que as informações sobre a delação são apenas suposições.
Entre as irregularidades destacadas, a entrada de ex-detentos ligados a organizações criminosas na penitenciária e a permissão para visitas íntimas a presos que não tinham direito a esse benefício, mediante pagamento, geraram grande revolta entre os familiares dos demais detentos, que são submetidos a um rigoroso sistema de segurança para entrar na unidade.
Fonte: jco
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